domingo, 26 de dezembro de 2010
Um texto como domingo. Em tempo, é fim de ano...
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Tão dizendo que ele é nerd
sábado, 18 de dezembro de 2010
Eternamente... Iolanda!
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
Troféu
sábado, 4 de dezembro de 2010
No alarms and no surprises, let me out of here... [Radiohead.]
Caio F.
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
Os olhos de agora
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
O benefício da entrega
uma alma especial reconhece de imediato a outra
Caio Fernando Abreu
Ele já não me era mais completamente estranho como fora um dia. Pra ser honesta, ele não me era mais nem minimamente, nem de longe, nem que se esforçasse, uma pessoa estranha. Aos muitos - sim, aos muitos e em pouquíssimo tempo - como se fosse meu, como se fosse velho conhecido, ele tomou tal importância e invadiu com tamanho ímpeto os meus pensamentos que quase não pude acreditar. Era mesmo assim que ele era: Invasor de sonhos. Dos mais doces aos reconhecidamente voluptuosos, que envolviam cinturas e cafunés. Um protetor resoluto da minha capacidade de acreditar na existência das pessoas especiais, dispostas a criar tanto quanto se envolver com algum tipo de sentimento diferente, novo, surreal, intenso.
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
A dois passos do impossível: Anjos, futuros amores e portas de vidro.
domingo, 14 de novembro de 2010
Surpresa canina!
sábado, 13 de novembro de 2010
Sexta-feira quase 13
terça-feira, 9 de novembro de 2010
Quando C quer dizer Cinderela
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
Encontros e despedidas
Me dê um abraço, venha me apertar, tô chegando...
Coisa que gosto é poder partir, sem ter planos.
Melhor ainda é poder voltar. Quando quero.
Todos os dias é um vai-e-vem:
A vida se repete na estação.
Tem gente que chega pra ficar,
tem gente que vai pra nunca mais...
Tem gente que vem e quer voltar;
Tem gente que vai e quer ficar;
Tem gente que veio só olhar...
Tem gente a sorrir e a chorar.
E, assim, chegar e partir.
São só dois lados da mesma viagem:
O trem que chega é o mesmo trem da partida..."
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Quer vir pra festa, venha.
terça-feira, 2 de novembro de 2010
O próprio caminho
sábado, 30 de outubro de 2010
Cartas pra você - "Me diz, o que é pouco tempo..."
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
Meia volta, volver.
sábado, 23 de outubro de 2010
Mas que merda! Chega dessa palhaçada!
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
O que era? O que era?
João, Maria e Martha
domingo, 17 de outubro de 2010
Rumo, má fé e (in)validade
terça-feira, 12 de outubro de 2010
Escapismo/Dinamismo
...como monótonas...
Dois dois
sábado, 9 de outubro de 2010
Escrever e Vomitar
Caio sempre!
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
Título: Eu queria ser uma mosca doméstica comum
terça-feira, 5 de outubro de 2010
"O dia" ou: Os maravilhosos mistérios da madrugada
Diga, diga, diga, diga, diga que me ama
que eu não vou mais implorar...
Se quer saber, deixa estar
Digo que não ligo, mas não vivo sem você!
Eu falo, não me calo, tiro sarro
só pra ver se eu consigo despertar o seu amor
Deixa estar...
Eu sei,
que na verdade eu não consigo entender o nosso amor
Que o teu silêncio fala alto no meu peito
E que nós dois estamos juntos na distância
discrepância do destino...
Ziguezagueando zonzo de te procurar,
eu tranco no meu pranto canto alto de euforia
que eu queria te cantar.
Guardo pra mim, deixa estar...
Sei que fez um mês entre vocês, de união
Pouco, muito pouco, quase nada
Nesta estrada você está na contramão
E a solidão? Deixa estar...
Vocês vão aprender que nessa vida
não se pode mais errar
Vão descobrir que entre as estrelas
e o chão
existe o mar...
Aí então a euforia, um belo dia, vai passar
E cairá sobre seu mundo, num segundo, a traição.
Deixa estar!
sábado, 2 de outubro de 2010
Perguntas
- Você ainda me lê? Mas, sem mais, sem menos, você poderia me responder que o "ainda" está desconexo do contexto, vagando nas minhas frases. Ora, ainda o que - não é? - se nunca fomos! Depois arriscaria, mentalmente, uma pergunta nova:
- Foi de verdade? Mas que tempo verbal mais traiçoeiro, dizer que "foi" é quase admitir que "não é", quando pra mim o presente pode existir. E isso seria demais pro meu orgulho. Ou quem sabe:
- E quando chove e você ouve as músicas que eu gosto, lembra de mim? Mas é claro que, ainda que lembrasse, você não assumiria. Pensei mais longe:
- Você me amou? Mas que pergunta mais idiota! É óbvio que não é necessário saber nada disso. E mais... Quem usa a palavra amor como quem troca de roupas, nessa história, sou eu e não você. Um tanto prolixa, possivelmente eu fizesse a tentativa de indagar:
- Está me evitando porque não é importante preocupar-se por tão pouco, ou propositalmente, pra me ferir? Ruim. Quando crendo na afirmativa, eu engasgaria no segundo termo da proposição. Simplifiquei:
- Você tá feliz? É claro que tá. Essa pergunta é batida no repertório de quem espera uma resposta surpreendente e nunca a tem.
- Se arrependeu? Não, isso eu não posso questionar, porque se você for honesto eu vou morrer na sua frente, com causa mortis "sincericídio agravado por decepção".
- E saudade? Você tem saudade de ter minha atenção? Mas antes, eu precisaria conseguir definir esse termo tão complexo, impossível.
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
Uma madrugada doentia e um (breve) relato meramente desnecessário
São quase quatro da manhã, agora. Talvez eu sobreviva até a próxima noite para responder questões discursivas, talvez não. Talvez surte de vez, tão enquadrada em tantos posicionamentos teóricos contrários que eu estou. Wundt, Watson, Galton, Skinner, Lombroso, Freud-pai-de-todos, o mindinho e até o fura-bolo. Estes e todos os outros. São muitos os transtornos que eles criaram para mim, e inclua-se na lista a bendita prova que - no auge das minhas enfermidades - parece agora insignificante. Ironias à parte eu descubro, para me repetir nas metáforas, que estou para a Psicologia Jurídica (e para todas as infinitas outras áreas de atuação de um psicólogo) como um cavalo marinho está para o deserto.
Destarte, me fecho para toda teoria. E abraço. Minha idiossincrasia.
terça-feira, 28 de setembro de 2010
Matando coelhos com paragrafadas
Ei de lhes contar, pois, a minha proeza da noite passada. Preste atenção. Eu estava deitada de bruços com os olhos semiabertos. Desvio, mínima, os pensamentos para o resto do quarto e a espinha gela. Afasto largamente as pálpebras e, em grau assombroso de dilatação de pupila, avisto – iluminado por um feixe difuso de luz – o algoz daquela experiência. Meu coração começa a bater mais forte e eu giro a barriga para o alto, confusa, a fim de refletir a respeito da olhadela dada. Paro para pensar no ser cruel e estranho que me tornei, achando normal toda aquela composição da cena nitidamente assustadora.
Foi a centésima vez que notei sua presença noturna e, pasme, não me importo mais com isso. Já não o vejo mais como da primeira vez, respeitosa de sua imponência, temerosa de sua compreensão propositadamente dificultada, curiosa de sua história. Eu o vejo como um monstro a ser devorado, ou um dragão a ser vencido, um jeito de se dar bem na vida: Com duplo sentido. Dito de outro modo – vi agora, já, nessa noite, em várias outras, o que programadores veem ao ligar suas máquinas, o que costureiras veem ao sentar em suas cadeiras, o que cabeleireiras veem ao tatear suas gavetas, o que mecânicos veem ao abrir suas maletas: Um meio de chegar ao sucesso. Uma forma de prosperar. Uma ferramenta. Que será trocada quando for conveniente, mas que antes desgastará, puirá, anacronizará, envelhecerá. Hoje olho nos olhos do vigor – físico – que ele não ostenta e só pondero sua eficácia, sua legitimidade. Eu sou como “os meus”, afinal.
Ah! E também enxergo nele o veneno com o qual meus oponentes tentarão me fazer convalescer. E o carrasco está tão descaradamente presente, dessa vez! Ele me ocupa pelo menos um dia da semana. Poderia estar entre os outros, é bem verdade, disfarçado de comum, jogado às traças. Poderia estar dentro do armário, ou junto com os mais importantes. Mas nessa noite, nem uma coisa nem outra. Estava lá, sorrateiro, iluminado por precário resquício de iluminação pública vinda da rua, encarando minha vã filosofia pré-sono na madrugada, velando os meus pensamentos em todo o muito que eu era há uns sete meses atrás. E no pouco que sou agora, em sua presença.
Olha lá, mire bem, mas veja com frieza!!! Você precisa concordar. Com efeito, é óbvio que tão somente eu o fito nessas circunstâncias atuais, à noite, a sós, indefesa. Mas desejaria que você pudesse enxergá-lo sob a luz de tudo que vivi nos últimos tempos. Aposto que também perceberia, arrisco dizer com muita clareza, que ele é uma das causas e efeitos de todos os testes vocacionais que nem fiz. Um produto. Da minha vontade de reviver a semana de boas-vindas no ingresso à faculdade, minha expectativa para ir à primeira festa acadêmica, minha euforia ao subir as escadas da Unidavi como quem sobe um palácio, minha ideia de que poderia ter sido diferente, minha saudade de ser a novata estupidamente preocupada com absolutamente tudo que eu fui, com orgulho (até para o que eu não precisava) nas primeiras semanas. Vendo-o com os óculos de agora ele significa só um símbolo distorcido da inocência com que eu o respeitava até certo tempo. Ele ali, estático, cheio de palavras repetidas e a mercê das minhas interpretações, só denota que tenho saudades, de ser caloura, por exemplo, nos cem mil sentidos genuínos que a palavra pode possuir.
Estou falando que o que eu senti ontem à noite foi dúvida misturada com nostalgia. Talvez você tenha se enganado logo de início, esperando emoções lascivas ou aventuras amorosas. Nada mais e nada menos a relatar sobre, contudo. Está concluído o raciocínio: Ele não é, nem de longe, um Johnny Depp com síndrome de maníaco do parque, me olhando dormir, nas trevas, esperando para atacar. Quando muito, ele é um Código Civil na mesa de cabeceira. Desafiador. Isso mesmo. Está dito. Só um Código Civil. Mas me fazendo pensar... O que muda a coisa de figura.
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
"E que a minha loucura seja perdoada..."
terça-feira, 21 de setembro de 2010
"Minha técnica negativista"
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
Cachorros e faltas.
O último do qual adquiri lembranças mais ternas foi o cachorro da vizinha, na última cidade em que moramos, há cerca de dois anos. Como a porta "deles" ficava mais perto das escadas do que a nossa, o carteiro, uma visita ou os meus pais não conseguiriam chegar ao 202 - que era nosso apartamento no fim do corredor - sem antes provocar a fúria do cão que, sem ver uma única vez, apelidei de Campainha. Campainha latia enfurecidamente, dioturnamente, e não me assustaria sabê-lo um Rottweiler. Até que um belo dia a vizinha se mudou e o cachorro foi com ela.
Tigor era distração. Uma distração que latia à noite de saudades da cadela-mãe, fugia pelo menos 5 vezes por semana e sabia muito bem os piores pontos da grama para fazer cocô. Que eu é quem limpava, é claro. Aprendeu que não podia entrar em casa, e paralelamente, descobriu a estante de calçados, o que provocou certo ânimo desmedido àquele cachorro que só fazia crescer. Destruiu infindáveis pares de chinelos, sandálias e sapatilhas. E o que não foi destruído, ficara com marca de dentes. Passados muitos meses, meu pai se deu conta de que ele havia ficado grande demais para sua casinha, para nosso pátio, para brincar comigo, para tudo. Aliada a vez que caí nas escadas e fiz uma ferida que tomava conta de uns 60 por cento do meu joelho e, na primeira semana, foi coberta de pêlos durante um banho-de-verão no Tigor. Um nojo. E ele crescia e crescia, e comia e comia. Decidimos que ele merecia partir. Lá pelas tantas, cheguei da aula e descobri que meu pai havia doado Tigor ao pai de Joana. Lembrei-me do seu pêlo macio, dos passeios nos quais ele me conduzia, das fugas históricas de encontrar um dia depois, e me dei por mim de que Tigor não voltaria nunca mais.
Hoje, ao visitar Joana e ouvir latidos do cão - que apoiado às patas de trás é notavelmente maior que eu - não deixo de sentir certo pesar por não ter podido acompanhar seu crescimento de perto. Mas não olho muito pra onde ele está, já que nunca tive a decência de dizer adeus. Que seja. Seja por motivo de mudança, substituição, por partidas "para sempre" ou perda de controle da situação, todos os cães da minha vida se foram, e eu sempre evitei despedidas muito demoradas porque nunca fui boa com elas. Desviar os olhos da presença, - do Tigor - por mais imaturo que pareça, há muito se tornou o meu jeito de lidar com a imensa falta que os cachorros trouxeram.
E com a de alguns humanos, também.
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
Entre aspas
sábado, 4 de setembro de 2010
E antes de dormir... ou: Coerência nunca foi o meu forte
Todo mundo fala, que eu preciso gostar de mim pra gostar de você. Mas eu não consigo deixar de olhar pra dentro e ver uma metade de nós. E quer saber? Que se danem os divãs e os livros de auto-ajuda. Eu sou mesmo uma metade da gente, mesmo sem o outro pra ocupar o lugar do nós, mesmo sem gêneros, mesmo sem complementos quando eu falo que você é meu e que se dane, coerência nunca foi meu forte." Mariana Vasconcellos
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
Sobre choro, fugas e coxinhas
Eu precisava de um álibi e minha carteira vermelha fora escolhida para comparsa-facilitadora-da-fuga. Passos apressados até a terceira repartição do banheiro feminino do segundo andar, em frente à sala 200 e lá vai pedrinhas. Me encostei na porta garantindo o sinal de ocupado e disse em voz baixa: - Merda. Eu sabia o que aquele merda significava melhor do que o par de garotas do lado de fora que discutia sobre um louro de camiseta vermelha que haviam encontrado no corredor. Eu sabia que um merda pode ser sinônimo de a minha sexta-feira fracassou, e eu sabia que aquele - mais do que todos os outros merdas - apontava para minha franqueza sobre a minha fraqueza. Me escorreu uma lágrima de rímel, ligeira, que eu tratei de limpar assim que saí do meu esconderijo, seguidamente aos retoques de pó compacto. Pois bem, murmurei. Se ninguém compreende uma pseudo-diva, também não compreenderá um urso panda na forma humana e gênero feminino.
Titubeei em virar para a esquerda ou para a direita na saída. E essa dúvida carregava a decisão entre espairecer ou morrer chorando de cabeça baixa no meio do tédio. Cruzei o hall do bloco E até a área azul como quem cruza um campo de batalha. Breve, lacônica, certeira. Foi o tempo que bastou. - Frito ou assado? O senhor da cantina me perguntaria. "Frito", respondi, na precisão de que era a pior das escolhas - quanto mais, se eu acompanhasse este "frito" com uma coca-cola de proporção assombrosa quando comparada ao meu pequeno apetite.
Me sentei em um lugar estratégico: De lado para uma ex-amiga, de frente pra um grupo de uns oito garotos que me veriam se sujar com alguns farelos enquanto devorava uma coxinha de frango sem usar guardanapos, por vontade própria. Aquela era a situação mais patética em que eu já havia me enfiado publicamente - e de propósito - em menos de dois semestres de faculdade. Eu quase era capaz de rir imaginando os comentários no mesmo instante em que eu me levantasse, dizendo qualquer coisa sobre eu ser uma maluca depressiva ou um projeto de gordinha tensa. Era com esses olhos que a senhora da limpeza olharia pra mim ao me ver devolver o frasco de mostarda e regressar tomando o último gole com os canudinhos que já faziam o inconfundível barulho de acabou, baby. (Não falam, mas se falassem era exatamente isso que diriam).
Não sei se é muito sensato dizer que o preço para redescobrir a coragem e a confiança em si é menos de $5 na cantina do Tio Willy, mas direi mesmo assim. Um cartão para adquirir uma coxinha pode não ser um passaporte para ingressar no país das maravilhas, mas isso muito pouco importa quando a única coisa da qual se precisa é sair de trás do véu de delineador da Avon pra provocar emoções ridiculamente novas. Devia passar das dez quando, de estômago cheio, desfiz a trança do cabelo com maestria e desejei lavar o rosto como quem diz ao mundo: Estou aqui pra isso mesmo e me basta saber que sempre haverá a chance de um recomeço.
***
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
Não esqueça...
( ) Preocupar-se demais, não disfarçar nem um pouco.
( ) Não gostar do meu teatro, não disfarçar nem um pouco.
( ) Não sentir minha falta, não disfarçar nem um pouco.
(x) Todas as anteriores, quando unidas, são letais.
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quarta-feira, 1 de setembro de 2010
Dias de montanha-russa
sábado, 28 de agosto de 2010
Ecos de quinta - Ou: Loucamente dinâmica
Sou tão cínico às vezes!
O tempo todo estou tentando me defender...
Digam o que disserem, o mal do século é a solidão.
Cada um de nós imerso em sua própria arrogância,
esperando por um pouco de afeição." Renato Russo
A quem interessar possa, os supersticiosos creem que isso é mau agouro e má sorte.
Mas... viram dois caras cheirando cocaína no banheiro do barzinho na noite passada e me contaram e eu não consigo achar isso plausível, e os meninos e meninas da minha geração parecem ter dois parafusos a menos, e enquanto uns divagam sobre a saúde do presente e do futuro das crianças ou das mulheres ou dos homens ou das minorias a maioria parece não se importar, e o preço da farinha subiu, e minha avó tá internada e eu tenho medo de perdê-la, e um conhecido tá com depressão sabe-se lá porque, e eu preciso estudar pra ser alguém na vida seja lá o que alguém na vida é, e eu preciso trabalhar porque gente de bem trabalha, e eu perdi a chave da minha casa e tive de pular a janela mínima que dá pra escadaria, e meu segundo ossinho tá doendo, e eu preciso pesquisar e programar a pós-graduação, e eu engordei, e minha unha não para feita, e eu não me sinto bonita, e as noites de sexta-feira não são tão boas como antes, e os banhos precisam ser curtos porque a água do planeta vai acabar, e a vizinha não me quereria em sua família, e o melhor pedreiro da cidade tomou veneno, e se instaurou uma cpi movida a fofoca a respeito de sua vida conjugal, e o programa eleitoral tá pior do que nunca, e a tv não me alimenta, e nada me distrai, e eu não choro mais, e tá todo mundo nem aí pra essa vida loucamente dinâmica que eu levo, e quem quero bem já tem alguém. E eu não posso sair gritando tudo isso por aí. Bem se vê que não se trata, tão somente, de azar, causado por um punhado de sal derrubado no chão. Trata-se de eu parecer a única pessoa que enxerga determinadas coisas. Trata-se de eu estar operando em uma frequência diametralmente oposta aos demais. Mas... custo a admitir que não há causa e nem motivo.
Os açucareiros que se cuidem.