terça-feira, 21 de setembro de 2010

"Minha técnica negativista"

Acordei atrasada. Estudei coisas que, excepcionalmente, não entravam na minha cabeça. Não almocei, e choveu. Concomitantemente. Tive uma tarde longa, e entristeci. Quando tudo já parecia péssimo, mas eu mantinha o equilíbrio sobre as botas, veio a noite, derradeira, quando Matheus me disse: "Você já teve argumentos melhores" e eu desabei. Não no choro, embora desejasse, mas no desespero. Ele sabe pouco sobre mim, só que sabe o suficiente pra compreender que não se é rude por puro cansaço. E que não se ri abusadamente, solitária, sem motivo, a menos que se esteja em cacos. E Matheus sabe disso não porque é especial, embora seja, mas porque há coisas que todos nós sabemos sem esforço. "É que já estive apaixonada", respondi. Ambos sabíamos o que aquilo significava. Estar apaixonada é um estado de graça. E, repito, ambos sabemos. Que eu não estou. Mas só eu tenho convicção de que isso não pode ficar fora dos meus planos ou as coisas perdem o sentido. Só eu sei o quão catastrófico é não ser a companhia da festa, e só eu sei o quão entristecedor é não ter alguém pra ficar sonhando acordada enquanto se olha o quadrinho de beijo com bordas de ilusionismo. E me resta o sono, tão confortante, tão acolhedor. Passado um dia tão ruim, ficou um gosto amargo de estar praticando a "técnica negativista" de Gustavo ao contrário. Ficou uma expectativa além da medida. Ficou o desespero. Ficou também a nota 8 que não é do meu feitio, um oco no estômago, um amigo sincero me dizendo sinceridades e um nó na garganta. Sem esquecer da certeza de que eu já fui melhor, é claro! Faltou dizer que ficou, por último, o anseio de gritar que quero a minha vida feliz, de direito, de volta. Apesar de não acreditar muito em truques de mágica.

Mas deixa estar, que essa tal técnica negativista não há de me falhar - ainda que tome dos meus olhos largas parcelas dos sorrisos.

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