terça-feira, 5 de outubro de 2010

"O dia" ou: Os maravilhosos mistérios da madrugada


Contudo, um dia seu coração vai... Sei lá, apertar. Ficar maior que o seu peito. Exatamente como tem ficado há dias, sem que se dê conta. Vai passar a euforia, o início vai virar meio. Você vai perceber que por mais que você tente enxergar em outro rosto e procurar em outro gosto, o meu tom é inconfundível. Sem as modéstias falaciosas, ninguém vibra na minha frequência. O meu lugar já muito pequeno, tímido, esquecido, mas ainda insubstituível. Ternura. Perceberá uma parcela considerável de ternura que não se sabe de onde vem. Você pensará para trás e não a verá. O passado, como sabemos, é escrito a caneta e, por isso, é impossível que tudo aquilo se repita ou apague. Eu sei. Você saberá melhor do que eu, quando chegar a hora. Enquanto não, vamos vivendo. Assim, imitando a paixão que um dia tivemos, o amor que um dia fizemos, o sentimento arrebatador que vivemos. E talvez, quando você me encontrar por acaso, se for uma madrugada fria e atípica de outubro/novembro/dezembro, seu coração, bem talvez, ligue o alarme. Sirenes. Sinais. Não precisa me contar, não, basta sentir. Você sentirá. Comemoraremos a falta silenciosa que lhe fazem todos os mistérios que só você desvendou em mim. E a ausência das minhas pernas, dos meus abraços, os meus cabelos, o meu sorriso. Não é mais o meu sorriso. Não tem mistério. Não são os meus olhos. Basta você fechar os seus para descobrir. E é inquietante, não se acomoda. Com efeito e ênfase. Inquietante que não se acomoda. Desviarei a visão pro fundo da sua alma que abriga um coração apertado e terei a plena certeza de que chegou o nosso dia. Quando sangra, instantaneamente, o corte parece não produzir grandes efeitos. Mas com o tempo, embriagados pela assustadora sensação que traz a madrugada, não há ferimento indolor, que não doa, que não tenha doído, que não doerá. Um dia, vai chegar o nosso dia.

Ligue, ligue, ligue, ligue, ligue para mim.
Diga, diga, diga, diga, diga que me ama
que eu não vou mais implorar...
Se quer saber, deixa estar
Digo que não ligo, mas não vivo sem você!
Eu falo, não me calo, tiro sarro
só pra ver se eu consigo despertar o seu amor
Deixa estar...
Eu sei,
que na verdade eu não consigo entender o nosso amor
Que o teu silêncio fala alto no meu peito
E que nós dois estamos juntos na distância
discrepância do destino...
Ziguezagueando zonzo de te procurar,
eu tranco no meu pranto canto alto de euforia
que eu queria te cantar.
Guardo pra mim, deixa estar...
Sei que fez um mês entre vocês, de união
Pouco, muito pouco, quase nada
Nesta estrada você está na contramão
E a solidão? Deixa estar...
Vocês vão aprender que nessa vida
não se pode mais errar
Vão descobrir que entre as estrelas
e o chão
existe o mar...
Aí então a euforia, um belo dia, vai passar
E cairá sobre seu mundo, num segundo, a traição.
Deixa estar!
Los Hermanos

Um comentário:

PRECIOSA disse...

Linda mensagem de amor...
A espera de uma ligação é uma sombra que permanece machucando o coração...Mas com certeza o telefone ira soar igual a sirene da paixão....
Tens na escrita muita ternura....
Te sigo carinhosamente...
Preciosa Maria