sábado, 2 de outubro de 2010

Perguntas

Chovia. Eu tava doida pra te perguntar uma coisa, pouca coisa, qualquer coisa. Mas o que? Afinal, o que é que eu ainda precisava saber a seu respeito? Como? Onde? Com quem? Talvez não exatamente. Estes eram questionamentos que não me levariam muito longe.

Perguntaria se você ainda me lê. Isso. Impactante. Assim mesmo:
- Você ainda me lê? Mas, sem mais, sem menos, você poderia me responder que o "ainda" está desconexo do contexto, vagando nas minhas frases. Ora, ainda o que - não é? - se nunca fomos! Depois arriscaria, mentalmente, uma pergunta nova:
- Foi de verdade? Mas que tempo verbal mais traiçoeiro, dizer que "foi" é quase admitir que "não é", quando pra mim o presente pode existir. E isso seria demais pro meu orgulho. Ou quem sabe:
- E quando chove e você ouve as músicas que eu gosto, lembra de mim? Mas é claro que, ainda que lembrasse, você não assumiria. Pensei mais longe:
- Você me amou? Mas que pergunta mais idiota! É óbvio que não é necessário saber nada disso. E mais... Quem usa a palavra amor como quem troca de roupas, nessa história, sou eu e não você. Um tanto prolixa, possivelmente eu fizesse a tentativa de indagar:
- Está me evitando porque não é importante preocupar-se por tão pouco, ou propositalmente, pra me ferir? Ruim. Quando crendo na afirmativa, eu engasgaria no segundo termo da proposição. Simplifiquei:
- Você tá feliz? É claro que tá. Essa pergunta é batida no repertório de quem espera uma resposta surpreendente e nunca a tem.
- Se arrependeu? Não, isso eu não posso questionar, porque se você for honesto eu vou morrer na sua frente, com causa mortis "sincericídio agravado por decepção".
- E saudade? Você tem saudade de ter minha atenção? Mas antes, eu precisaria conseguir definir esse termo tão complexo, impossível.

No fim, nunca resta muito a saber. Não sobra espaço para perguntas e nem tempo para as respostas. Ambas, aliás, desnecessárias. A gente se sabe de cor. Sabe tudo. Salteado. Inteiro. Previsível. Com todas as dúvidas. Observe: Fugimos da interrogação enorme que nos causamos. E, além disso, chove.

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