domingo, 25 de abril de 2010

Vivo me contrariando

Sussurrei em voz alta - e tão somente porque se pode cometer este paradoxo quando se fala algo a si mesma - dizendo mais ou menos isso: Não escreva, não ainda. Pense antes, porque o que se escreve fica eternizado e o que você está sentindo não vai ser para sempre. Talvez, minha querida, (eu levava comigo um dom admirável de tratar bem quem era importante pra mim... e eu era importante pra mim.) talvez isso seja só coisa da sua cabeça. Não vê ontem!? Que melhor exemplo tu podes querer do que ontem? Ontem o chá foi com duas gotas de limão e hoje preferiu-se o leite. E se o limão tivesse sido escrito? O limão jamais deixaria de existir em tua memória uma vez que ele tivesse sido eternizado em letras. Ele não seria mais uma ideia, um pensamento, uma lembrança... Ele seria uma realidade. E as realidades te doem, minha querida. Te prendem. Aquelas duas gotas jamais poderiam ser transformadas em três ou em uma. Porque depois de escritas, elas ficariam condenadas a ser estritamente o que eram. E você não gosta de limites para as coisas, que eu bem sei... Mas gosta de limitar o que vive com palavras. O que você vive, minha querida, é bem mais complexo do que o que você escreve. Por isso que eu te peço: Espere a certeza. Não escreva, não ainda.

Um comentário:

Dona ervilha disse...

Sempre escreva. Ainda mais quando for assim, escrita solta, com gosto de limão e incerteza. Sempre escreva minha querida! Beijo.