terça-feira, 8 de setembro de 2015

Como cantiga

Hoje eu só queria chorar a tua dor e te perdoar por todas as minhas incompreensões. Ficar em posição fetal, calada, compadecendo de ti em segredo e te oferecendo a minha sanidade diante do mundo. Dizendo, como cantiga pra ninar a criança, por uma metáfora, que ninguém merece ser punido por parecer frágil. Que ninguém merece parecer frágil por amar demais e estar perto, e a gente sabe disso. Eu só queria que o meu asco não fosse dúvida, que a minha surpresa não fosse pavor, que o meu pavor não fosse medo, que o meu medo não fosse repulsa. Que a minha repulsa não tivesse motivo pra se repetir. Que a vida te fosse diferente, nesse particular, porque você merece. E porque não merece. Tomara que saiba. Eu rezo aos deuses que saiba.
Hoje eu só queria purgar teu desconsolo e a tua lembrança e te livrar do peso sangrando contigo, em silêncio, num abraço apertado sem palavra alguma.
Hoje eu só queria chorar a tua dor.

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