domingo, 15 de agosto de 2010

Do que é bom, fica um merecer

Não pediria que levasse a segundo plano uma vida perfeita. (alegre-se, é possível que essa tenha sido a maior vitória do meu altruísmo de todos os tempos) E não pediria que não me fizesse sofrer porque, sabe, eu me permito. Eu me permito, até, sofrer. Sou um clássico exemplo da imaturidade: Arrisco, ouso, sou imprudente. Ou eu teria fechado as portas pra borboletas tão malucas, e originais... cada vez que lhe encontro. Mas não, eu não fecho, lá vou eu e dou chance pro azar. Porque eu acredito no azar, e acredito na sorte. E isso não costumava me ocorrer... Não sei qual foi o momento (porque deve ter havido um momento) em que eu deixei algumas coisas pra trás que não vão mais voltar. Também, não importa, SER é mais divertido do que PENSAR SOBRE SER isso ou aquilo (...) Vale a lição de Wittgenstein sobre os dragões, a qual fui alertada com toda a não-superficialidade que você e ele tem em comum, muito antes de conduzir os seus gestos em direção a um dragão que cuspiria - com gosto - fogo por todos os poros: Quiçá tivéssemos parado por lá, nesse alerta, a tempo de nem sei o quê. Agora, ao contrário, parece haver uma ojeriza da piedade morna que paira sobre as nossas cabeças... Mas se eu sempre soube onde ia dar, desde antes do início, que raios está havendo? O que é que me dói nessa dó do que não foi!? Talvez doam as respostas apressadas. A pergunta que não têm mais razão de ser. O bilhete não lido. As formas novas e as formas velhas. Sobretudo e sobrepondo-se, contudo, há algo muito macio a esse respeito, a nosso respeito, que continua sem explicações... Há todas as coisas espetaculares condensadas por nós no sorriso. Num sorriso que oferecerei a você com naturalidade espantosa da próxima vez que lhe encontrar, com a calma que me é tão rara. Pois, cá entre nós, longe do amor, do calor ou do Hélio, há o merecimento do sol por inteiro, o cultivo de plantinhas vigorosas, e o infinito e o para sempre. Merecemos as palavras esquecidas por motivos óbvios, merecemos o que arde, merecemos tudo o que foi capaz de produzir euforia misturada com felicidade (...) Queria falar da paixão, de vontade de beijo, de um consolo que eu não preciso. E olha que isso nem é tudo... Mas até tudo parece pouco agora. "Não vou roubar um tempo que você não tem." Ou não quer ter... Por mais cruel que isso pareça. Enfim. Dessa Vida, dessa Estória, desse Desejo, desse Pesar, dessas Borboletas, da minha ânsia de ser um pouco mais. Que seja doce, que seja doce, que seja doce sete vezes. As multiplicadas sete vezes de Caio Fernando. Nós merecemos.

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