terça-feira, 22 de junho de 2010

Abrigo

O C de Cinza se cansou de existir e todas as coisas terão de se localizar em outras cores. Minhas lembranças - que gostar de mudar, gostam muito pouco - correram apressadas para as filas de espera do preto e do branco a bem de encontrarem seu novo lugar...
Pura teimosia. Avisei a elas que lembraria do Cinza por muito tempo, mas elas preferiram não ficar a mercê da minha memória que oscila. Definiram-se. Todas as coisas, agora, estão com cara de fotografia antiga. Preto e branco, sem o Cinza, definitivamente não se misturam.
Meus oitos e oitentas, por outro lado, adoraram a notícia. Correram mais rápido do que todas as outras máximas e, obviamente, optaram por cores distintas. Oito agora é branco do mais branco e oitenta é preto mais preto do que tudo que é preto. Ambos devem estar querendo um juízo de valor, uma escolha, uma decisão.
Pois enganaram-se! Não me decido tão cedo. Tudo que - na sentida falta do Cinza - ouso fazer, é esperar. Esperar que dê conta de servir de abrigo para essa multidão de contrastes.

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