terça-feira, 7 de agosto de 2018

Para atravessar os 25

Estou decidida a reconciliar as partes de mim que se quebraram. Já passou da hora, mas ainda é tempo. Já cansei demais de ter saudade de uma época em que eu era mais nobre. Ou mais ingênua. Ou de achar que era mais nobre porque mais ingênua. Eu estou decidida a deixar pra trás o que era, se eu já não sou. A abraçar com força o que eu estou sendo nesse exato momento. Sem culpa. Sem um eterno sentimento de trânsito sem paisagem.
Eu quero estar em paz com a busca e eleger a travessia. Mas eu quero, sobretudo, poder contemplar os meus progressos e regressos sem desânimo. Perdoar os excessos. Seguir meu ritmo. Respeitar meu fluxo. Um por de sol por dia. Eu quero celebrar todo santo dia a minha coragem de arriscar, como se ela fosse um milagre. Porque ela é, agora eu entendo. Tenho orgulho da mulher que eu me tornei. Começo a aceitar com mais sabedoria os livramentos: das pessoas que partem sem que eu consiga compreender por quê às coisas mínimas que fogem dos planos. Vou voltar aqui para me lembrar de todas essas resoluções, quando fraquejar. E, até lá, eu vou usar a voz imperativa para seguir ou espantar os meus delírios. Fluir por baixo das ondas de medo, em uma frequência menor. Devagar. Suave. Sem me ferir por exigir demais de mim. Vou transbordar por cima dos moldes do que o que me aconteceu quis fazer comigo. Eu vou me amar tanto a ponto de me respeitar inteira. E me enxergar íntegra de novo, recomposta de todo, vai alegrar o meu coração como nenhuma outra coisa na vida foi capaz. Eu vou crer, romântica, num Deus que talvez não seja arquiteto, mas energeticamente escreva os destinos do jeito exato que eles devem ser para que se aprenda cada coisa no amor, sem muita dor. Sem nenhuma dor vou juntar os pedaços. Colá-los. Desfazer os curativos que faltam. Arrancá-los. Deixá-los respirar.
Dentro desse corpo há agora então quem tenha um ano a mais e enxergue um pouco melhor o caminho.

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