terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Licença poética

Escrevi um dos primeiros textos do blog - atualmente o primeiro, porque apaguei os que o antecederam - com catorze anos. Começo dizendo que na noite anterior havia chorado feito criancinha. E agora me foge a ideia de que ser adulto é segurar o choro. Aos catorze, torci o pulso. Depois daquilo desperdicei muitas chances de dar o braço todo a torcer. Naquele texto digo que gostaria de ser durona por dentro tanto quanto por fora, hoje em dia essa é uma das coisas de que eu mais tenho medo.
O texto se chama "Crise!". E tantas coisas melhores e piores me ensinaram o que era, de fato, uma crise - de tristeza ou euforia - depois dele. É um texto de dois parágrafos em que falo de mim na terceira pessoa, como se um pseudônimo amenizasse meu egoísmo. Como se meu orgulho fosse menos reprovável. Como se não desse conta de admitir que tinha vergonha de mudar de ideia assim, com minha própria assinatura. É curioso como fica claro que eu nunca tive disposição para consertar os erros amenos: Há nele um erro trocando "nomear" por "nominar", próclise sucedendo vírgula e vírgulas fora de lugar... Que nunca corrigi, porque foi assim que, à época, as ideias me vieram.
Na vida e na escrita, eu venho me concedendo a licença poética de uma adolescência mal resolvida.

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