domingo, 15 de dezembro de 2013

Desde antes

Meu bem, desde quando eu sou de alguém?  Bicho solto, cão sem dono. Meu bem, desde quando eu sou tua? De onde e quando brotou essa vontade insana de subir a tua rua?

Terá sido o útero homônimo? Um laço materno que traça o destino, como o Cazuza anunciou. Terá sido o equívoco registral, que nos lançou ao mundo sem acento, menos graves do que deveríamos? Terá sido a tonicidade que a vida imprimiu em nós depois das certidões teimarem em nos querer átonos?
Será que foram os dentes separados na frente ou os risos indisfarçáveis ao ver o outro sorrir? Foi a guitarra imaginária que faz solo na música tema da minha falta de lucidez, ou teu excesso de disposição em ficar do meu lado no choro incontido dos meus lampejos de sanidade diante da vida? Pela displicência da camiseta decotada ainda vestida ou pela roupa suja? Será que foi um tropeço nas coincidências ou a retomada do equilíbrio, meu bem? 
Maktub? Terão os nossos destinos sido escritos como paralelas que se cruzam ou que em certa altura se transpõem para um desejado "sempre" na mesma linha e sem trem nenhum? A força bruta e instintiva de uma sala escura ou a sutileza de uma sala de vidro?
Direito ou uma vida amorosa que de um jeito ou de outro sempre esteve na nossa esquerda? Será que foi quando nos distraímos que a sorte veio pra ficar? Será que fomos prático e romântica até colidir e alternar os papéis por uma vida mais leve?
Será que todo mundo sabe e finalmente a gente percebe? Será que a gente sempre percebeu e deixou o tempo agir ou será que o tempo age sem que a gente se dê conta? Terão sido as manchas de nascença no corpo ou as pegadas manchadas na alma? Desde quando nasci para tomar emprestadas de ti as forças e te oferecer meus excessos e a segurança?
No fim, a gente também se pergunta. Acredito que foi desde antes. Não sou grande o bastante pra ter determinado o início, por isso creio quase sempre que grandezas desse gênero me antecedem. Eu e você: Foi desde antes. Não sei o que nem por que, mas foi desde antes. Tão enorme que já era antes de ser. E ao ser como é, respondem-se todas as perguntas. 

Um comentário:

Anônimo disse...

Oie...belos textos, muito bom Blog...
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