quarta-feira, 25 de julho de 2012

Parecer merecer


E sem mais nem menos eles chegam, sem avisar, pra quebrar o silêncio de algumas horas - ou muito mais. Chegam quase sempre no singular, seguindo uma história mal resolvida, que é pra dar um toque mexicano à novela de nossas vidas. Chegam no singular. Sim. Chega alguém. Mas pra não me comprometer uso o plural - talvez melhor que sejam vários deles, sucessivamente. Não foram feitos pra durar, e às vezes duram... Parecem merecer, e às vezes não merecem... Aproveitamos, assim, pra fazer deles o melhor que podemos ser.
Mas então, como eu já dizia, eles chegam. A pauta de temas afins é restrita por ser ampla demais... Em pouco tempo, o assunto acaba. Um riso tímido do outro lado da linha, da tela ou do meio palmo que nos distancia. Nos conhecemos pouco e, por isso, não nos despedimos nunca. É bom falar (até) do que é banal. Talvez porque saibamos que a lei a ser aplicada é a mesma do sentir: só "vinga" quando a gente insiste, a despeito dos contratempos. Então insistimos, até surgir um "durma bem" que seja capaz de encerrar os assuntos amenos. 
Muito mais por convicção do que por prudência, falta-lhes a franqueza de assumir uma intenção, qualquer que seja. Falta-lhes vocabulário para ser inédito, já que a essa altura é melhor economizar em matéria de apego. E lhes falta alguém que, há não muito tempo, foi importante porque não lhes faltou. E eles são e somos todos, enfim, comuns. Não no sentido literal, mas um ao outro. Comuns no desapego, comuns no desespero no meio da festa, no meio do banco na calçada, no meio do nada. Comuns ao perceber que somos o que decidimos ser.
Ainda sobre as intenções. O quão humano é ter as segundas antes das primeiras? Eis, uma vez mais, a verdade crua, entre tudo o que é sutil. Uma das poucas certezas que ficam, para além dos finais... querer.  E eles querem. Querem muito essa verdade que vai sendo inventada a cada passo na direção um do outro, tarde ou cedo.
É isso. Sem mais nem menos eles chegam, em singular, sem avisar, porque querem. E o que querem não se sabe. É um misto de confrontos, desconfortos e vícios... Meus queridinhos. Os quase-amores. Se nunca se transformassem, seriam minha espécie predileta de frio na barriga. Os quase-amores, que passam longe de ser o que se espera deles. Os quase-amores, que tem tudo para ser e nunca são. Os quase-amores. Que não passam de felizes coincidências, caprichos do destino capazes de nos impulsionar a seguir.

2 comentários:

André Araújo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
André Araújo disse...

Olá! Estava vagando despreocupado por blogs alheios quando cheguei aqui no seu espaço. Li alguns escritos e me surpreendi com tamanha beleza e com sua maneira de captar situações por meio de frases sensíveis e necessárias. Elas nos fazem refletir sobre o que existe nas sombras do intangível, na insensatez que procuramos escapar quando algo não vai bem.
Espero que possa continuar lendo sua poesia, suas linhas viscerais e palavras precisas.
Parabéns!

Se quiser, visite meu blog também: http://pedacodeideia.blogspot.com.br/

Abraço e até logo!