domingo, 11 de agosto de 2013

Hipocritices

Hipocrisia. Insira aqui uma definição razoável ou que se tolere para a condição. Hipocrisia nossa de cada dia que talvez algumas condições nos deem hoje. Tenho prestado atenção em algumas coisas e, de tanto prezar pela autenticidade, é como se eu precisasse escrever pra digerir o impasse.
As duas pessoas que eu mais amo nesse mundo têm maneiras diametralmente opostas de lidar com os erros dos outros: Meu pai costuma cortar relações com quem vacila e minha mãe tem um estoque praticamente inesgotável de perdão. Ela desgosta da atitude, mas raramente das pessoas. Já ele repete, quase sempre rindo, que a mesma cobra não lhe pica duas vezes. Não sei muito bem como devo ser. Nem sei se é possível escolher qual o jeito adequado de encarar essas coisas. Mas preciso falar da minha fase, de qualquer jeito.
Explico: As pessoas erram comigo, algumas muito mais do que outras. E, por conta disso, eu já cortei relações pra nunca mais ver na frente, com uma conversa esclarecedora. Ou com um mal entendido - cada um pro seu lado sem saber direito porque a ruptura está ocorrendo.
Por outro lado (e principalmente por este é que escrevo estas palavras), ultimamente mantenho algumas amizades meio aos trapos por achar que o erro - grave, ruim, cumulado com outros pequenos defeitos, insira defeitos horríveis aqui - mesmo assim não vale uma briga homérica. Não vale o latim ou o empenho de cruzar a rua quando encontra, já que somos todos tão falhos. Já que não se pode definir quais defeitos são mais horríveis que outros.
O problema é que a falta de cumplicidade dos outros me deixa furiosa. Eu reclamo, xingo, não convido. E então, num passe de mágica, num esgotamento de sentimentos ruins, meu impulso esganador passa e eu trato a pessoa quase normalmente quando temos contato. Provoco um certo distanciamento propositado, confiando menos, mas sem por as raivas na mesa. Achou hipocrisia? É, talvez seja exatamente por isso que estou escrevendo. Porque olho pra essas pessoas e vejo que, sim, já falei mal, sim, já paguei pau, e sim, daqui pra frente a atitude mais soberana é evitar as duas coisas.
Sinceridade é bom. Todo mundo (proclama que) gosta. Mas e se, como alguém já disse, for egoísmo no mais puro grau dizer tudo que acha da pessoa numa pseudo "conversa franca" apenas pra limpar a consciência, apenas pra poder dizer "sou sincera"!? Se de repente você se sente indisposto pra aturar os melindres, a ampla defesa, a réplica, o "mimimi", e só deseja dar um tempo pra ver se a decepção é mesmo definitiva!? E aí, meu caro? Manda jogar na fogueira destinada aos hipócritas do mesmo jeito, já que é tudo mais do mesmo!?
Eu não tenho a resposta pra essas perguntas. Esse texto é como um álibi, pra confirmar que não é pecado ser você: virando a cara ou querendo evitar o conflito. Talvez arcar com as consequências de todos os nossos atos, inclusive os mais desajeitados, nos torne imunes da designação de "hipócritas"... Essa palavra mequetrefe que, de tão repetida, de tão verdadeira, de tão universal (somos todos hipócritas em algum momento!) se torna desnecessária e esmaece.

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