terça-feira, 12 de março de 2013

Discurso aos confiáveis

Confiáveis, tenham a bondade de unir-se em fila indiana à direita. Quero abraçar cada um. Quero agradecer a vocês, que são tão poucos. Almas que me merecem honesta. É à procura de vocês que eu ando por aí, apesar de tantos indícios em contrário espalhados pelas ruas. É por cada um de vocês que cumpro o protocolo de não sair correndo cada vez que conheço alguém, é por vocês que desisto de ir julgando antecipadamente. É por vocês que insisto em não esmorecer diante de todos aqueles que vacilam na cumplicidade.
Confiáveis, permaneçam assim. Trancafiem as histórias vividas e os segredos que lhe foram confiados como se suas vidas dependessem disso. E me cerquem, todos os dias, pra que eu não me esqueça de que devo ser como vocês, e não como a maioria que passa. Daqui por diante sejam confiáveis em dobro. Por si e por todos aqueles toscos que decidiram abrir mão dessa sensação tão bonita - que é ser confiável - em nome de qualquer coisa frívola.
Confiáveis, mereçam a confiança como um sedento merece um copo de água. Como se essa confiança fosse indispensável ao bem da nação e à segurança do Estado. Como se a vida dos que lhe são caros estivesse intimamente relacionada com a mantença da hombridade, de ser fiel ao elo construído, que é simples, e é frágil, porque é composto de expectativas.
Confiáveis, combatam as mazelas com uma compenetração de titânio, que permaneça inabalável mesmo aos apelos tão vitais e fundamentais quanto ser o machão da turma ou a pessoa mais informada. Piamente, acreditem que o mundo é um eco e lhes devolverá o bem que se faz ao próximo cultivando a lealdade. Inspirando-a. Propaguem a arte da confiabilidade como se ela fosse corriqueira. Igual a editar, jogar futebol, andar de bicicleta, tocar violão ou bordar ponto-cruz.
Confiáveis, só não deixem de ser. Preciso de vocês. Como exemplo. E pra suportar algumas sacudidas que a vida me dá por confiar demais.

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