sábado, 26 de novembro de 2011

Não é orgulho em dizer


Tudo ainda me dói enquanto relembro o repousar de talheres de um jeito bem meu, porque a fome fora menor que o empenho em retirar as cebolas do lanche que o garçom anotou por engano. Também tenho preguiça de ser inconveniente, ali. Não quero comer, quero olhar o prato e ter fome. Muita fome. Uma fome etíope.
Ao fundo, os cantores conversam amenidades e, deixando de cantar, fazem do encontro um lugar agradável para confessar-me humana. Eu não confio em ninguém que diria o que eu digo, às vezes. O cidadão à minha frente parece confiar. Ouve quando eu digo que me sobram os dedos de uma mão para contar arrependimentos. E eu faço tanto.
Não é orgulho em dizer. É querer encontrar na monotonia um lugar de aconchego para, mirando as coisas passadas, querer um futuro igual ao tudo que essa vida já foi. Escolher algo não é ter coragem, não. Ledo engano.
Escolher algo é ser covarde para renunciar os outros temperos que se poderia dar à vida, com um pouco de ousadia - mas bem pouca - em tomar uma decisão. É misturar destemperos e sentir a euforia experimentada de adrenalina com êxtase: Logo eu que não entendo de substâncias químicas.
Agora são duas pernas que não tremem muito, mãos que não soam muito, e-mails que não chegam muito, novidades que não me frequentam muito. Olhos atentos... Mas forçosamente - qual é mesmo a palavra? - já nem sei. Forçosamente eu não sei a hora certa de deixar de insistir, mas finjo.

Queijo colonial me trava a boca quando estou de ressaca. E não espero tomar de lição. Eu gosto muito de queijo.

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