terça-feira, 7 de abril de 2020

Corações não gritam

Quantas vezes teus silêncios quiseram apaziguar meu coração, que gritava contra o peito? Teus silêncios, tu e a tua bondade amena, dizendo coisas como: não tem lógica, amor! Corações não gritam! Sempre tão racional. Nós dois feitos de matérias diferentes. E embora de ti eu não pudesse esperar lirismo, poemas ou metáforas, foi ao teu lado, no mundo real, que encontrei algum equilíbrio para os meus devaneios. No fim das contas, viver talvez fosse mais valioso que teorizar a respeito. Mas sim, eu discuti sozinha às vezes. E você trouxe um misto quente logo depois pra selar as pazes. Sorrindo. Lindo. Como se nada houvesse acontecido. Não dá pra imaginar alguém mais constante que tu, exatamente do teu jeito, pra tentar conter a pressa do meu acelerador interno. Eu francamente não podia te prometer calmaria. Não é da minha natureza. Eu te prometi tormenta, mesmo sem me orgulhar de cumprir esta promessa. Mergulhei sempre e fundo no mar revolto do meu idealismo. E, enquanto estive ao teu lado, eu tive companhia no caminho de volta à terra firme: a realidade. Este lugar no qual com respeito, confiança, parceira, admiração e diálogo as relações talvez pudessem ser construídas, dia após dia. "Você me transformou no eufemismo de mim mesma". Feliz nós dois, pelo tempo que durou.

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