No décimo segundo dia, meu instinto de se aninhar finalmente descansou, contemplando assustadíssimo sua criação. Estava mesmo farto da labuta de forjar esse conforto. Quase cansado da expectativa dessas jornadas e trocas e renúncias que se emendam, incessantes, uma na outra. Cinco dias de atraso em relação à obra divina, demonstrando sua frágil e carente humanidade. Tudo pronto e acabado.
De repente, foi feito um fôlego. Um vácuo. Uma lufada bem-vinda, porém ardida, de consciência. Um suspiro embaixo d'água. Seria, quem sabe finalmente, um cessar fogo definitivo das satisfações no fim do dia? Ou, pelo menos, um momento suficiente para a constatação do que há de apavorante nessas entregas de corpo e alma desde o princípio?
De repente, foi feito um fôlego. Um vácuo. Uma lufada bem-vinda, porém ardida, de consciência. Um suspiro embaixo d'água. Seria, quem sabe finalmente, um cessar fogo definitivo das satisfações no fim do dia? Ou, pelo menos, um momento suficiente para a constatação do que há de apavorante nessas entregas de corpo e alma desde o princípio?
Agradeci a Deus três vezes de olhos fechados por aquela pausa - toda providência tende a ser divina para os que creem -, enquanto sussurrava: agora eu vou crescer pra dentro. Não ao lado, não, não ao lado. E chacoalhava a cabeça: agora eu vou crescer pra dentro. Agora eu vou ganhar musculatura emocional.
Os olhos do meu instinto continuaram bem abertos e se enxergando, apavorados. Eram dois buracos profundíssimos, percebendo que ainda não conheciam o limite dessa entrega sem padecer de angústia. Era o meu instinto, quem sabe finalmente, parando de operar e, quem sabe finalmente, fazendo com que eu parasse de ignorar o cenário para prestigiar personagens.
O bicho indomado que há em mim precisa desnudar suas asas pra fora, sem esse instinto. Eu só não quero - eu rezo ao Pai, Deus me ajude!, eu rezo ao Pai - eu só não quero perder o deslumbre vívido e intenso das coincidências.