sábado, 29 de dezembro de 2012

Sobre balas de morango e despedidas


Passeava entre as fileiras dos doces do mercado pra fazer as compras de natal quando encontrei uma marca de bala de morango. A promessa da embalagem era marcada por um estigma que, nessa vida, já serviu até para me caracterizar: Azedinha. Bala de morango azedinha. Era uma promessa e tanto e eu hesitei muito a me decidir por colocar o pacote no carrinho de compras.
Gostei da denominação porque, como tudo que é artificial, em regra as balas de morango não refletem a verdade da fruta. É comum que as balas de morango sejam doces. Gostei da denominação mas, ao mesmo tempo, aquela podia ser uma péssima surpresa.
E é curioso que eu a tenha encontrado - a bala de morango verdadeira, azedinha - apenas no último dos doze meses do ano, assim, em tom de retrospectiva. Cheia de todos os sabores predecessores. Foi quando, em poucos segundos mirando o pacote cheio de balas com embrulho vermelho, lembrei de tudo neste ano que me decepcionou e me encantou. De todas as apostas furadas, e das que deram certo.
Enfim. Escrevo essas palavras pondo na boca aquela que provavelmente será a última das quatro balas que separei para comer enquanto tomava coragem para escrever. Confesso que a honestidade (dos anos, que têm passado tão rápido, e também da vida) nem sempre é doce, e quase sempre nos mastiga.
Escrevo para aconselhar-lhes que encontrem, mesmo nas metáforas mais breves, alguma mensagem subliminar ou moral da história, mesmo que o autor seja fraco em mensagens subliminares, moral e histórias, como eu. Se não encontrarem, ainda vale o conselho mais óbvio: Comprem as balas de morango!

Um comentário:

Thay Almeida disse...

E a cada vez que leio os seus textos, independente da época do ano, reforço a certeza de que você é um dos orgulhos que tenho nessa vida!

Love U

Thay.