quarta-feira, 21 de julho de 2010

A voz da razão

[...] Entre eles há somente um que coincide com aquilo que minha fantasia representa. Neste momento, não posso amar um homem a quem não admiro. As feições ficam em segundo plano. Que estranho! Quando um rapaz gosta de uma moça, começa a batalhar pelo seu amor, e luta insistentemente [...]
Ele deve se achar a pessoa que eu menos gosto entre todas. Se eu caminho junto a Linde, afasto-me de propósito o mais possível; se as moças falam com ele, eu não me reúno a elas de jeito nenhum. Quero demonstrar a cada momento que antipatizo com ele, que não o amo [...]
Quando você gosta de alguém, então toda a vida se concentra nele: falar para que ele escute, agir de modo que ele perceba [...]
Porque eu vim a saber inoportunamente do enamoramento de Linde, então a consciência da minha impotência fica exasperada assim? Afinal, posso competir com O.? Com aquela moça requintada, que não só jamais dirá uma palavra indelicada, como nem sequer fará um gesto deselegante? Ao passo que eu...! Com voz selvagem, mando todos para o diabo e, encarniçadamente, saio no tapa com os rapazes que me importunam. Não seria o caso de desencadear uma transformação? A mudança só pode acontecer em nome de alguma coisa, mas o nome que me inspira eu devo esquecer. É fácil, porque é só um leve enamoramento e mais nada, mas minha cabeça boba pergunta: "Seria melhor travar uma batalha?". Mas onde existem dúvidas é difícil pensar no sucesso; aliás, essa é sempre a voz da razão.
Nina L., p. 363-364

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