terça-feira, 16 de julho de 2024

Manic Pixie Dream


Não permito mais
Que cada Ideia me escape
Agora cada uma
(f)ervilha e sai da va(r)gem
e me alimenta,
pois gasta o tempo de que saia.

Me agarro ao Seu conteúdo e substância
(queria dizer: cintilância)
Feito náufraga
que precisava é dessa tábua de madeira
para nela entalhar e depois ler poemas
e prosas
e contos inteiros
e epístolas
e finalmente se salvar.

Proporcionalmente,
tenho penteado mais os cabelos
Deixo menos pistas
como migalhas de João e Maria:
Agora eu digo!
Só que digo ainda como quem diz à noite,
enquanto dorme,
e depois finge que, no íntimo, não se lembra.

E depois de dizer?
E depois de tremer a base inteira?
E depois que, no mar de almirante,
eu já me souber boa marinheira?
E quando eu já não for mais tão inteligente,
ou já não acreditar mais no positivo do reforço?
Eis aí.
Encontrei o que me deixa apressada
de Lhe fagocitar, ligeira,
sem o tempo dos detritos e sedimentos
se assentarem no fundo de mim.

Estou ardendo na febre de imaginar
protagonistas que sempre saem ganhando:
ou vivem a aventura - e ela sempre, sempre, sempre acaba -
ou estão melhores sem os seus lunáticos de estimação.

Quero cumprir logo o tropo desta Ideia,
ainda que pelo caminho do meio da mente.

Mas tô achando que não vai dar.
Já que nove entre dez estrelas
ainda me fazem chorar.