segunda-feira, 11 de maio de 2020

Cafuné de Morfeu

O que vale a luta de resistir a um cafuné? Eu investigo. Já varri todos os cantos atrás do que compense e ainda não encontrei. Essa procura é cansativa. É um descobrir, com algum espanto, que sei gostar do jogo mais do que do peão em si. Que espero as perguntas certas mais do que quero ouvir respostas. Pensando bem, não diz nada. E não pense que eu sou uma pessoa terrível. Ainda te deixo entrar, sirvo café, faço a janta. Mas há essa placa de aviso na porta, escrito: goste ou não, você virou personagem. Não, não se preocupe. Isso quase nunca significa algo. Por aqui recuso bem os nocautes. Sou só eu buscando do que me ocupar. Sou só eu fazendo o que eu faço sempre com as minhas histórias. Agarrando nas paredes lisas das minhas projeções. Resistindo contra o óbvio: em condições normais, não vai dar pra nós. Cansaço é uma desistência do corpo. Dormir é morrer um pouco. Eu nunca quero morrer. Quero estar desperta. Atenta. Quero resistir sempre e bravamente e encontrar justificativas e entrelinhas. Queria não exigir as entrelinhas. Sonho conseguir olhar a vida por essa perspectiva do que faz adormecer com tranquilidade, ao invés de me deter no que compensa lutar para me manter acordada.

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