Levantei a mão empolgada com um gesto inconfundível de pedir mais uma. Ele não trouxe, e eu continuei conversando como se não houvesse notado. Depois tirei delicadamente a garrafa do casco e virei a tampa. Mas ele passou reto, mais de uma vez, olhando evasivo para a mesa de trás. Insisti, crente de que por qualquer razão ele não me houvesse compreendido direito. Não lembro se o chamei de consagrado, chefia ou parceiro, mas o o de qualquer jeito não se podia duvidar que eu quisesse a próxima cerveja; Talvez a última antes de ir embora. Mas esse capítulo da vida, soube só depois, eu chamaria de Aquele em que o garçom me negou a saideira. Ele projetou a boca na direção do meu ouvido e cochichou o motivo. Ninguém entendeu nada. E eu me obriguei a parar de beber imediatamente, com incentivo de quem eu menos esperava. Uma benção inusitada para a minha sanidade. Eu nunca fui do tipo que reclama ao gerente ou faz espetáculos públicos em estabelecimentos comerciais. Em tempos sãos, porém, sabem bem todos os meus amigos que eu não voltaria nunca mais àquele bar. Não ponho mais os pés nos lugares onde me afrontam. Mas aqueles não eram tempos sãos. Por isso deixei num bilhete anotado antes de tomar o táxi: meu nome, número e endereço. Sem saideira, a sede aumenta.