como quem diz sim
Não sei mais nem um não
Enquanto encaixo essa colher
Na minha mão.
Me satisfaz o dobro
Cada grão.
A comida caseira
é temperada de fome de chance
De que, de todas as fomes,
Justo esta
mais primitiva
decida (por nós)
por saciar-se
no estômago
de sabor já conhecido
E preferido.
Os pretos e brancos
Deitam servidos
contrastando de saber
De escuros e claros
- que se mesclam e confundem -
Com as luzes e as sombras
De dentro
Das substâncias
destas panelas
transparentes
que transportamos para o quarto
Acesos
Preparados
em fogo vivo
E postos à mesa
Dentro de onde estão estampados
corações
Feijão com arroz
que sustenta
Essa vontade de ficar
- e de pedir para ficar -
dentro
Inteiros
Criando energia
Com e para o que, de fato,
enche barriga.