segunda-feira, 29 de abril de 2019

Para a parte de mim que já se quebrou antes

Eu te prometo não abrir mais a guarda, construindo fortalezas ao invés de pontes. Eu te prometo não deixar o que você gosta pra mais tarde. Não ceder. Definitivamente nunca ceder. Eu te prometo não dar sossego. E nunca mais deixar, nem mesmo secretamente, o destino de domingo na mão de alguém. Eu te prometo nem cogitar falar sobre sentimento. Não dormir fora de casa. Não dar o suspiro que precede a frouxidão. Não empolgar com uma gentileza. Não romantizar o que deveria ser tratado. Eu te prometo não demonstrar as fragilidades. Não higienizar as feridas na frente dos estranhos. Eu te prometo não abrir mão de absolutamente nenhuma convicção moral para caber em qualquer lugar. Eu juro solenemente que sei elencar prioridades autocentradas e não vou deixar de fazê-lo. Porque eu sei o trabalho que deu chegar até aqui. Pagar na mesma moeda. Recontar os trocados. Eu te prometo tirar força de onde não tem para que nada se repita. Não vou mais perder a direção dos pensamentos no meio da tarde. Eu te prometo não achar que qualquer coincidência é motivo para mais. Eu te prometo que nenhuma boca te fará sorrir mais que a tua própria. Eu te prometo especialmente o que não se promete a ninguém, porque foge do controle. Mas eu te perdoo, de novo, se você cansar de carregar o próprio mundo nas costas sozinha. Para ver recomeçar o quebrar-se e remendar-se. Quente e letrista. Outra vez.

Nenhum comentário: