domingo, 8 de junho de 2025

Antiofídico

Uns meus passados se amarrotam
Em’squecimentos
Voluntários

O superpoder é primo distante
do dos flautistas que encantam serpentes

Cancelo o pensamento.
A convivência
Com o pensamento.
Ocorrendo de reaparecerem
uma ou outra testemunha
Torno a resetar
as provas,
Ignorando-as.

Furtiva e hábil,
Fecho os olhos e sopro
na poeira fina
das estradas onde andei
Forma-se espécie de nuvem rasteira
Daqui pra trás
Na qual os mais Traiçoeiros, e Peçonhentos, e Verdes, e Llenos de escamas, e Bem gelados, Animalescos, Ruins passados
Por mim treinados
Saem da posição de bote
Guardam suas presas e venenos
— com que já não me fazem morrer
de vergonha ou de medo
E entram de novo no cesto de vime
Donde, em sono fundo,
não hão de vir julgar
O que já fui
Ou com quem já estive

Sorte eu ter método:
Uns meus passados
São espetáculo
A que só assisto de costas