domingo, 9 de fevereiro de 2025

Rasga e amassa

Rasgar alguém
Em muitos pedaços
                         de papel
Depois de pôr-lhe ao lado do nome
Um ponto de interrogação
que, também rasgado,
Divide-se em sorriso imperfeito
(ou o contorno de meia lâmpada
- ideia sempre incompleta)
E um ponto final

Rasgando, pretender ignorar
o que se escreveu
o latente
lá dentro
Onde há um calo que parece recém formado
E é, porém, bastante antigo
Um desconforto profundo
Um inchaço que protubera
Uma ameaça de vertigem
ao som da folha se partindo

Dor que dói
rasgada como carne
ao tocar de novo