Lupa de distanciamento
Para ver o todo
Estando perto
ou dentro.
Desejo também um
Reco de boca
Isso mesmo, um zíper.
Fecho-éclair encaixando
Os dentes
Em silêncios
Antes de eu lançar absurdos no mundo
E cair uma arcada inteira de consequências
Eu, tão boca
aberta.
Papai Noel, ano passado eu pedi
Euforias com luzinhas que piscam e um
Encantamento elétrico e perene
com controle remoto.
Era caro, o senhor não trouxe,
Eu ainda quero,
Mas se não der de novo
Esse ano pode ser só um
Cantinho
(mas seguro e acessível)
De pensamento iluminado,
Analógico mesmo,
Em que breve eu volte a
pensar bem
No que eu já tenho
Quando desencantar, acelerar
ou
escurecer demais.
Papai Noel, eu quero
Um removedor de culpas
Uma âncora de devaneios flutuantes
Um par de boias com acento, das de braço, e
Um mistério portátil (daqueles mais simples)
Ah! Podem ser também
Duas passagens aéreas
De ir e voltar
Que me façam, simultaneamente,
Esquecer e lembrar
Que eu trabalho pra isso
Aí, para aproveitar a viagem,
Pode levar embora em seu trenó:
Esta máquina de remoer;
os Supositórios
digo, as Suposições
que por espécie de necessidade tenho enfiado
no meio das bandas
na tranquilidade amena
— nas quais penso tanto
Que me fazem menina mal criada
E não merecedora
Papai Noel, se tiver que escolher só três,
quero muito:
- Presente (desembrulhado)
- Não cansar de ser alegre
- Ter a quem pedir