Quem te ensinou a subtrair
Números negativos
Viu também chegar a conta
Do essencial do fim e só
por etapas
— que os detalhes sórdidos têm pontas
Sempre soltas e muito agudas —
Tornando-se
Despicienda
A verdade inteira
Tamanha a evidência
De que algo muito grave
Deu errado.
Quem deu-te a saber
a esperar a pressão
pra explodir
em provocações e lágrimas
De revanche e remorso
Ignorantes de todos os avisos
Prévios
Luminosos e sonoros
De que merecias mais
(e não cada vez menos)
Viu a vida virar
essa novela
Boa de acompanhar
sentado
acomodado
e olhando de fora
Ruim de ser
Protagonista
ciente, consciente
Até dos próprios deslizes
A vilã
A anti-heroína
Digo mesmo:
Uma persona
Com tantas
camadas
De moralidade ambígua e
mea culpa e
Desejo
de sair
por cima
além
Do que permitem
os tropos narrativos
terem as mocinhas
para que delas o público se compadeça
Em uníssono
Em unanimidades
burras
E clichês
Como querer
Merecer
Não ter
E enlouquecer
de coragem
De enlouquecer.
O último a sair
paga a conta e
apaga a chama