no centro do topo do céu limpo gelado
irradiando luz difusa da noite
sobre as nossas vidas
No começo
do fim
da semana
Enquanto eu ia pra casa
na sexta
Estive mentalmente sentada
no chão (que agora imita madeira
como criança construindo castelo
na areia
da praia
que a água salgada pode & há
de vir
Tomar
Com dois joelhos pro mesmo lado,
Pensando em
Nós —
oitenta e vinte
por cento sempre
Em construção,
Pensando:
Com que material
cimentarei
as bases de alguma fortaleza
que nos protegerá
por certo sempre
Das intempéries
Chegadas
em discos voadores
pra sacudir nossos quase mortos
mas muito vivos
e parvos
dilemas de dois
Tão ressuscitados quanto um Cristo
nos dias seguintes
Pensando:
Em que castelo; ou
Protegida por que fortaleza
Eu posso ser princesa
Se você me vê através
De todos os espelhos
em que não se reflete;
Desse domo de vidro
fosco
atravessado por vultos;
em brumas
imbróglios
Em códigos
Feiuras
Onde já não se guardam mais nem
os segredos
sadios?
Você me vê?
Quero fugir
E me proteger
Dos conflitos que causo
Intransigente
Eu parto
pra briga
Eu travo
batalhas épicas
em nome de uma
Justiça
burra,
com as próprias mãos
e os próprios goles,
ilegitimamente
passiva.
Você, não.
Você não parte
Você fica
Você pivota
Você só entra
em guerra
por
Paz.
Me condenei,
Sou culpada:
De um cinismo
De amor
de
-scrente
E agora quero voltar
a ser
inocente.