sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

O melhor ângulo

Solidão não enche barriga. E isso é um fato, apesar dos fatos não precisarem ser ditos. Eles só existem, e estão lá e aqui, fatuando. 

Hoje estou só. Não por necessidade, opção, não por nada pessoal, só estou. Só estou só. A solidão é bonita, eu acho. Porque bonita é o adjetivo mais mediano que eu encontro. Não porque sozinho você é você, apesar de que... bem... também. Mas solidão não enche barriga. Então a gente trabalha, gosta outra vez de alguém, estuda. Tudo porque não pode ficar trancado no quarto escrevendo coisas que não rendem, ouvindo coisas que não rendem, remoendo gentes que não rendem. Ficando sozinho. Ou quem sabe porque isso nos enlouqueceria, seja lá o que for enlouquecer. Tipo o protagonista de The Pianist, quem sabe. Enlouquecido de estar sozinho, fugitivo. Mas quando digo fugir algo me parece muito analógico. Fugir de estar só é parecido com estar só. Estranhamente parecido. Como andar em círculos. Como nadar em círculos, talvez, já que não sei nadar. E, sem fôlego, paro, paramos. Estamos sós, sempre estaremos. Uma hora ou outra, atravessando uma rua, tossindo, escrevendo poesia sem quebrar a linha. E é por isso que eu acho que estar só é nosso melhor ângulo. A parte mais verdadeira de nós. De repente, sem querer, assustados: Estaremos sós. Em multidões. Quiçá a solidão aprendesse a encher barriga.

(Acho que isso devia ser um diário, pra eu não passar por louca. Sozinha, louca-sozinha em vez de louca.)

3 comentários:

faizy disse...

good blog

A Arrasada! disse...

Gostei de você... tem uma sinceridade leve.
Estou a seguir vc!

Karla Mikoski disse...

Cau, esse texto ecoou no momento que estou vivendo: uma solidao que nao enche barriga! Seus textos batizam alguns sentimentos meus! Beijokas