quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Quer vir pra festa, venha.

Sempre adorei festas, e as minhas festas sempre foram cheias de palavras. E as palavras, por si só, sempre foram recheadas dessas certezas momentâneas que vem e que vão tão precisas quanto chuva em dia de verão. Porque as palavras sempre adoçaram o amargo de estar só ou a solidão de estar mal acompanhada. E, em paradoxo, sempre deixaram ardente o que era doce demais. Uma proeza particular, porque há palavras que adoçam a vida, a priori, sozinhas ou acompanhadas de melodia. O problema é que as minhas festas de palavras começaram a receber gente inexperiente, desavisada dos meus carnavais. Gente que não estava preparada para o alto teor de embriaguez que as palavras dão ao meu festim. E, principalmente, gente que não era convidada. Mas eu não tenho vocação para expulsar penetra, não. Quer vir pra festa, venha. Mas pague o preço do ingresso, e não reclame se levar um pouco das minhas palavras nos bolsos, na memória, inoportunas. As palavras me custam caro. Sem demora, nesse esbanjo do que é tão meu, nesse leva e traz do que me compõe, eu poderia me cansar e parar de escrever. Assim, para agradar. Pra agradar quem quer que pudesse se sentir inseguro/espantado/atordoado de palavras. Mas ninguém é capaz de guardar certezas no bolso pra sempre. Então festejo.

2 comentários:

Luis Gustavo Fronza disse...

pra que "arma" mais poderosa que a palavra?
capazes de tudo...
acompanhar, adoçar, cutucar... provocar! haha
além do mais, qualquer dano físico se recupera, as palavras que ficam na mente vão estar te assolando o tempo todo, ou ao menos quando for oportuno, perfeito!
um brinde às palavras, tim tim!
haha (l) /hugs

Anônimo disse...

Creio que o termo festa, neste contexto, já está ultrapassado... Festival é o que o metido aqui aconselha (ashsauh)... Chegar a um nível, onde as palavras chegam a ser o ponto central da "festa" não é pouca coisa, coisa única para falar a verdade, seja ela doce como um elogiu ou ácida que uma palavra-piada irônica... Mas ainda são palavras e desde que as sejam suficientes, pelo menos para seu pronunciador, ainda constituem uma "festa".

Kamikasianami