terça-feira, 25 de maio de 2010

Ao contrário.

Meu coração e meus ânimos não ouviram o sinal do quarto. Ao contrário. Trataram de colocar fones de ouvido que isolavam, completamente, qualquer som que o quarto pudesse querer fazer. Então escrevi uma carta a lápis. Não pra poder apagar. Ao contrário. Foi a lápis de cor. Pra alimentar o meu trauma de infância de não conseguir apagar rabiscos de lápis de cor. Pra ter certeza de que tudo que eu escrevesse não era passível de erro. Queria entregar, não poderiam haver erros. Ao contrário. Houveram vários. Uma letra errada atrás da outra, formando palavras erradas, uma atrás da outra. Formando cinco parágrafos errados, um atrás do outro. Eu. Humilde. A carta. Ao contrário. Pretensiosa. Cheia dos meus planos, do meu a limpo sem rascunho. Sem rascunho. Ao contrário. Muito cheia de rascunho, demais a ponto de não conseguir escrever sobre isso com a exatidão que eu pretendia. Acho que escrevi uma carta. Ao contrário. No final ela era muito mais de quem a remetia do que para o destinatário. No fim, era uma carta dentro de um envelope de papel pardo sem selo. Sem cola. Seria retirada dali, como tudo havia sido desde o começo: Ao contrário.

Um comentário:

Anônimo disse...

... sempre me encanta tudo. vibro. é intenso - você é intensa.

um beijo para acontecer...