segunda-feira, 12 de abril de 2010

Pensando Clarice: "...depende de quando, e como você me vê passar."

Há semelhanças e diferenças entre o que sou e o que sou às vezes. Me ateria à coragem que o virtual me confere - se isso, na prática, não excetuasse minhas mudanças de comportamento diárias, quando submetida a dadas circunstâncias. No mundo virtual, minha vergonha na cara diminui, até mesmo porque no mundo virtual não tenho cara. Digo coisas que não diria pessoalmente. Ajo de acordo com o que meus impulsos me sugerem. Estranho isso, de mudar o que somos. No mundo virtual minhas mãos não suam. No virtual os paradigmas podem ser ignorados facilmente. Aliás, há paradigmas no virtual?
No virtual, escolhe-se mais facilmente demonstrar razão ou emoção a alguém. No mundo virtual somos cultos porque o Google existe, somos sempre bonitos porque o Photoshop existe e magoamos menos porque o Backspace existe pra ser usado antes do Enter. No virtual eu sou bem mais interessante do que no real, porque me basta ter um tantinho de inteligência e voilà: Sou o que desejo ser. No virtual as relações se constroem com uma rapidez incrível, contudo, ninguém sabe mesmo quem é quem. Ainda que a virtualidade me encha de virtudes - não há clique que substitua o que só o meu olhar diz, não há DEL que exclua o que há dentro do meu peito, não há TAB pra "pular" espaço de tempo. Eu prefiro a pele. O toque. A expressão. A incerteza. A imperfeição de meus traços, a sinceridade dos meus laços.
C-virtual é C-real com algo a mais. Ou, talvez, com muito a menos.

Um comentário:

Viva la Vida disse...

OMGOSH: fazia tempo que eu não lia uma coisa tão verdadeira, tão puramente nada virtual, me vejo totalmente nesta sua descrição,simplesmente por estar a quase dois anos vivenciando esta complexa situação, cheguei a mesma conclusão...Snif, snif...ainda não consegui dar cabo dela! (divino texto, meu curso adoraria ver isso)